Como prometemos, participamos da I Etapa do CODF 2016, o maior campeonato de orientação do DF, e trazemos aqui nossas impressões sobre o evento.
A prova ocorreu em uma área de cerrado típica, com matas ciliares e terreno movimentado. Um aspecto que influenciou os tempos finais foi o maior volume de água no campo de provas devido às chuvas ocorridas no sábado.
Foram quase 300 competidores decididos a iniciar o ano na rota certa. E os clubes do DF fizeram sua parte, deixando à disposição de todos amenidades como sucos, sanduíches e bolos. Também atenderam à solicitação da FODF e vários orientistas mais experientes dividiram seu conhecimento com os novos participantes (grande parte proveniente do último curso de formação, realizado também em março).
Antes do início da competição houve cerimônia de abertura com a presença de autoridades da FODF e da CBO. Também se fizeram presentes orientistas de clubes pertencentes a outros estados (COSEC, COCER, COSELE, COABOM, COCAMP, COCAPRI e COESC), e alguns praticantes de Corridas de Aventura.
Para visualizar os resultados da competição clique aqui.
Confira também as fotos do evento. Clique aqui, ou aqui, e acesse nosso álbum.
Para maiores informações sobre o torneio e outras imagens, acesse o sítio da FODF.
Sobre a prova em si, vamos às nossas impressões gerais:
- A FODF adotou a largada sem base de partida, aos moldes das competições internacionais. Entretanto, e apesar das orientações prévias, houve confusão tanto por parte dos atletas quanto da organização. O horário de largada ficou 3' acima da hora real. Mas no geral, a organização conseguiu realizar este primeiro teste da nova metodologia. Um teste para a III Etapa do CamBOr, que será realizada em Brasília;
- A arena escolhida atendeu com maestria os presentes. Foi utilizada a área da Escola Classe Ipê, com toda estrutura necessária para o evento;
- As chuvas do dia anterior tornaram o campo de provas encharcado, dificultando a progressão para algumas categorias, mas isso só tornou o desafio mais interessante, principalmente para as categorias A e E;
- Alguns pontos acabaram por proporcionar o encontro de competidores de mesmas categorias, sendo comuns os "encarneiramentos", ou seja, atletas da mesma categoria percorrendo juntos os mesmos trechos;
- Nenhum competidor de categoria N completou seu percurso em tempo inferior a 30'. As pistas variaram de 1800 a 2500m para estes;
- Considerando que vários atletas completaram seus percursos com tempos superiores a 120', é provável que os tempos pré-estimados tenham sido inadequados para a prova.
Para a análise de rotas, vamos discutir somente alguns pontos julgados influentes no resultado final.
A metodologia da análise consiste em apresentar os trechos percorridos e responder às seguintes perguntas: o que planejei; o que fiz; e o que deveria ter feito. Foram utilizados os programas QuickRoute e o SplitsBrowser (funcionalidade do Helga-O). Para visualizar em tamanho maior, basta clicar em cada imagem.
Meu objetivo particular é efetuar o percurso com rotas que não ultrapassem 20% além da distância descrita no mapa, num pace (tempo gasto para percorrer 1km) médio de 7'/km.
Nesta prova, a distância descrita no mapa foi de 8km. Portanto, para atingir o objetivo, deveria ter percorrido uma distância real de até 9,6km. Essa distância, num pace de 7'/km demandaria pouco mais de 67 minutos. Ocorre que o terreno encharcado, com vegetação pesada e, claro, alguns erros cometidos resultaram em mais de 120' e 11,13km para completar o mapa.
Aqui as informações sobre velocidade, distância e altimetria:
Este é o mapa da H21E:
E este o mapa com minhas rotas (nitidamente existem dois pontos onde tive dificuldade de encontrar os prismas):
No QuickRoute informações importantes para esta análise estão na tabela ao lado direito do mapa, apresentando quais os pontos demandaram maior tempo e maior distância percorrida. Observem que nas rotas para os pontos 3, 12 e 16 os tempos e as distâncias demandadas foram bastante elevados:
Ainda aproveitando a imagem acima, observem que mais da metade do gráfico de velocidade está em vermelho, indicando a lentidão na orientação fina.
Rota do Ponto 2 para o Ponto 3
O que planejei: seguir pela estrada e descer pela trilha secundária nas proximidades do ponto 17. Ao chegar na área de mata fechada, atacar o ponto num azimute e velocidade baixa.
O que fiz: segui conforme planejado. Ocorre que a trilha secundária não permitia o deslocamento na velocidade desejada, demandando maior tempo e esforço físico. Ao chegar no ponto de ataque, houve erro na contagem da distância e acabei efetuando voltas, saindo da região por duas vezes. Somente na terceira tentativa consegui acertar o ataque e, assim, encontrar o prisma. Importante observar que na região do ponto existiam outros competidores, também em dificuldades. A experiência demonstra que em situações como esta é melhor seguir individualmente com suas próprias decisões. Geralmente, várias pessoas juntas em busca de um prisma significa abandono de técnicas.
O que deveria ter feito: seguir pela estrada até a cerca (a) após o ponto 17. Competidores que desceram para a região do ponto utilizando a cerca como corrimão tiveram menos dificuldade, pois a vegetação era menos densa. Ao chegar na área do ponto de ataque (b), escolher o local com atenção e efetuar a contagem da distância devagar, rumo ao prisma.
Foram 13' gastos até o primeiro ataque. As tentativas posteriores demandaram outros 10'. Pelo SplitsBrowser comprova-se que este ponto demandou menos de 15' para ser encontrado pelos mais rápidos.
Rota do Ponto 11 para o Ponto 12
O que planejei: seguir em azimute para a área de mata fechada, diminuir a velocidade conferindo a posição atual e atacar o ponto lentamente efetuando a contagem de passos.
O que fiz: como havia o encarneiramento com outros atletas da Elite, optei por seguí-los. Ocorre que o grupo tomou rumo equivocado, seguindo para o lado esquerdo. Depois que o grupo se desviou ainda mais à esquerda, me separei e retornei para o ponto de ataque inicial. De lá, busquei correção e encontrei a linha d'água que me levou ao ponto corretamente. Como resultado, encontrei o ponto antes do restante do grupo.
O que deveria ter feito: seguir em azimute e utilizar a linha d'água como ponto de ataque. Este ponto não apresentava dificuldade para ser atingido.
Foram gastos 3'09 até a localização à esquerda do ponto (observe o gráfico de velocidade abaixo do mapa). As tentativas posteriores demandaram outros 12'. Mais uma vez, ficou bem clara a importância de seguir suas próprias rotas e em bom estado de atenção.
Rota do Ponto 15 para o Ponto 16
O que planejei: seguir pelo curso d'água até a parte de vegetação mais clara e atacar o prisma.
O que fiz: outros competidores saíram "encarneirados", atravancando" a mata em azimute. Segui por alguns metros mas decidi voltar e utilizar a linha d'água como corrimão e utilizar o ponto 14 como ponto de checagem. Dali, azimutar para o ponto 16. Ocorre que o primeiro ponto de travessia do córrego se demonstrou difícil de ser vencido, sendo necessário voltar alguns metros e encontrar melhor passagem. Dali foi efetuada a devida contagem de passos e azimute rumo ao prisma.
O que deveria ter feito: incluir no planejamento o uso do ponto 4 como ponto de checagem.
Os demais pontos foram localizados sem maiores dificuldades. As rotas foram planejadas adequadamente e aplicadas as técnicas de orientação corretamente. Uma observação fica para a rota do ponto 17 para o ponto 18, pois o azimute foi desrespeitado e acabei caindo para a direita. O erro foi corrigido a tempo, mas se ocorresse em área mais acidentada ou de vegetação mais densa, provavelmente me traria mais dificuldades e perda de tempo.
Tempo do vencedor: 86 minutos
Tempo perdido nos pontos acima discutidos: 33 minutos
Distância aproximada percorrida a maior nos pontos acima discutidos: 1300m
Principais lições aprendidas nesta prova: confie na sua orientação!
E aí, conte aos leitores o que você achou desta prova e, também, da análise de rotas acima. Utilize o campo de comentários e faça suas ponderações.
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Boas rotas \o/
orientistaemrota
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